Marina
Morena e a simplicidade das coisas
Dorival Caymmi, um soteropolitano.
Nasceu na Cidade de São Salvador (1914), localizada na Baía de Todos os Santos,
inicialmente um abrigo marítimo na época dos descobrimentos que acabou também abrigando
todos os Orixás.
Caymmi faleceu no Rio de
Janeiro (2008), com saudades da Bahia, de passar uma tarde em Itapuã, e de falar
de amor em Itapuã. Cantou samba da sua terra e modinha para Gabriela
(Wikipédia). No Rio de Janeiro, foi à Maracangalha de uniforme branco e chapéu
de palha. Mas para Marina, Caymmi deu um recado especial, cantou um desejo
particular, uma opinião, própria de uma simplicidade.
Marina não precisava se
pintar, ela já era bonita pelos atributos recebidos de Deus. Na simplicidade de
Marina, Dorival diz que poderia ficar de mal, caso ela se pintasse novamente.
Sua simplicidade seria mais do que necessária e suficiente para demonstrar sua
beleza. O ser humano em busca de algo poderoso e desconhecido saiu em busca
deste algo desconhecido, se pintando, maquiando e industrializando. Comercializando
o que fosse necessário para alcançar seus objetivos. Hoje chega a uma reflexão.
A sustentabilidade é a principal pauta em um mundo globalizado.
Tal como em Marina, a simplicidade
de Rubens Alves (R.A.), o teólogo poeta, em tomar um cafezinho novo e
fresquinho, com os amigos. Um queijo minas tirado da forma para acompanhar, em
um final de tarde em uma cidade do interior de Minas Gerais (Nunes in Rubem
Alves, 2007). Coisas só para amigos e um bom papo, onde a comida satisfaz o
corpo e a prosa satisfaz a alma.
Inconsciente coletivo foi o nome que Carl G. Jung
chamou a parte mais profunda da nossa mente subconsciente. Novas relações devem
ser inventadas entre os homens e a totalidade. Entre o ser homem e o planeta,
entre as espécies vivas, visíveis e invisíveis. Entre as ciencias e as
técnicas, entre a comunidade e o mundo. É preciso reinventar o universo e o
indivíduo, reconfigurando as relações com o meio ambiente. Inovar métodos de
ensino, fugir da formatação e de padrões. Abandonar a tese que o professor é o
detentor do conhecimento e autoridade reconhecida e autorizada em difundi-lo. O
professor é um mero facilitador, fomentado por interesses da tecnologia e
industrialização. O conhecimento é formado a partir de experiencias vividas e
percebidas pelos cinco sentidos. As
informações que se transformam em conhecimento, produzindo um saber.
Vivemos a Era de Aquário. Novos padrões e
instrumentos de conhecimento e informação estão a nossa volta. Torna-se
necessário interagir com o planeta, entre o clima e suas manifestações (Serres
in Ramos, 2008). Manifestações chamadas de intempéries no conhecimento
científico da meteorologia e climatologia
A descoberta do Novo Mundo foi a oportunidade dos
europeus se reconhecerem a si mesmos com a conquista e a construção de um outro
ser, a construção de um novo mundo (R. James
in R.A. 2007). Algum dia nos
reconciliaremos com aquilo que fomos (Tancara Ch in R.A. 2007).
A liberdade do kitesurf, kiteboarding
ou mesmo flysurf, não importa o nome,
importa a liberdade de interagir com os quatro elementos. Com os pés fincados, na
prancha que é ali, a terra firme, sobre as águas. Uma prancha retangular de
bordas arredondadas proporcionando um equilíbrio. Um equilíbrio de yin/yang
nas linhas retas e curvas que definem a prancha e um equilíbrio para quem se
apoia nela. As mãos firmes e fortes segurando a barra que controla a pipa, papagaio, pandorga, cafifa, também não
importa o nome, mas vai ela presa a cintura por um equipamento chamado trapézio,
preza como as mãos de quem ensina os
primeiros passos.
Olhos voltados para o horizonte, mirando e
decidindo o destino a seguir. Sol brilhando, zingrando o mar, escolhendo os
trajetos, e as manobras. Deslizando sobre as águas em manobras simples ou
radicais, explorando todos os músculos. Do calcaneo ao femural e do musculo
palmar ao outro músculo palmar, passando pelo músculo trapézio..
O habitus
é um conhecimento e comportamento adquirido através de vivencias e experiencias
vividas e experimentadas (Bourdieu, 2012). O corpo fala, e as experiencias e as
vivencias ficam impressas nele, não há como esconder. Assim como o capital
intelectual e cultural que fica
explicito e implicito no linguajar. Estruturas estruturadas e estruturantes
(Ortiz, 1983).
Quando as forças da natureza não eram integradas
ao sistema de produção, o conhecimento empírico das coisas eram suficientes,
eram o bastante para as necessidades humanas (Vázquez, 2011).
A sensação do vento no rosto, deslisando ao sabor
do vento, as vezes dando saltos alçando voos e a mente voando junto. O ser humano foi feito para sonhar,
para criar, o trabalho são as máquinas que devem realizar, palavras de Freud. E
a simplicidade é aqui representada pelo binõmio Marina-Alves.
Ativista
Cultural
Cientista
Social
RM
& KRM
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