terça-feira, 13 de novembro de 2012

Marina Morena


Marina Morena e a simplicidade das coisas

Dorival Caymmi, um soteropolitano. Nasceu na Cidade de São Salvador (1914), localizada na Baía de Todos os Santos, inicialmente um abrigo marítimo na época dos descobrimentos que acabou também abrigando todos os  Orixás.

Caymmi faleceu no Rio de Janeiro (2008), com saudades da Bahia, de passar uma tarde em Itapuã, e de falar de amor em Itapuã. Cantou samba da sua terra e modinha para Gabriela (Wikipédia). No Rio de Janeiro, foi à Maracangalha de uniforme branco e chapéu de palha. Mas para Marina, Caymmi deu um recado especial, cantou um desejo particular, uma opinião, própria de uma simplicidade.

Marina não precisava se pintar, ela já era bonita pelos atributos recebidos de Deus. Na simplicidade de Marina, Dorival diz que poderia ficar de mal, caso ela se pintasse novamente. Sua simplicidade seria mais do que necessária e suficiente para demonstrar sua beleza. O ser humano em busca de algo poderoso e desconhecido saiu em busca deste algo desconhecido, se pintando, maquiando e industrializando. Comercializando o que fosse necessário para alcançar seus objetivos. Hoje chega a uma reflexão. A sustentabilidade é a principal pauta em um mundo globalizado.

Tal como em Marina, a simplicidade de Rubens Alves (R.A.), o teólogo poeta, em tomar um cafezinho novo e fresquinho, com os amigos. Um queijo minas tirado da forma para acompanhar, em um final de tarde em uma cidade do interior de Minas Gerais (Nunes in Rubem Alves, 2007). Coisas só para amigos e um bom papo, onde a comida satisfaz o corpo e a prosa satisfaz a alma.

Inconsciente coletivo foi o nome que Carl G. Jung chamou a parte mais profunda da nossa mente subconsciente. Novas relações devem ser inventadas entre os homens e a totalidade. Entre o ser homem e o planeta, entre as espécies vivas, visíveis e invisíveis. Entre as ciencias e as técnicas, entre a comunidade e o mundo. É preciso reinventar o universo e o indivíduo, reconfigurando as relações com o meio ambiente. Inovar métodos de ensino, fugir da formatação e de padrões. Abandonar a tese que o professor é o detentor do conhecimento e autoridade reconhecida e autorizada em difundi-lo. O professor é um mero facilitador, fomentado por interesses da tecnologia e industrialização. O conhecimento é formado a partir de experiencias vividas e percebidas pelos cinco sentidos.  As informações que se transformam em conhecimento, produzindo um saber.

Vivemos a Era de Aquário. Novos padrões e instrumentos de conhecimento e informação estão a nossa volta. Torna-se necessário interagir com o planeta, entre o clima e suas manifestações (Serres in Ramos, 2008). Manifestações chamadas de intempéries no conhecimento científico da meteorologia e climatologia  

A descoberta do Novo Mundo foi a oportunidade dos europeus se reconhecerem a si mesmos com a conquista e a construção de um outro ser, a construção de um novo mundo (R. James  in R.A. 2007).  Algum dia nos reconciliaremos com aquilo que fomos (Tancara Ch  in R.A. 2007).

A liberdade do kitesurf, kiteboarding ou mesmo flysurf, não importa o nome, importa a liberdade de interagir com os quatro elementos. Com os pés fincados, na prancha que é ali, a terra firme, sobre as águas. Uma prancha retangular de bordas arredondadas proporcionando um equilíbrio. Um equilíbrio de  yin/yang nas linhas retas e curvas que definem a prancha e um equilíbrio para quem se apoia nela.  As mãos firmes e fortes  segurando a barra que controla a  pipa, papagaio, pandorga, cafifa, também não importa o nome, mas vai ela presa a cintura por um equipamento chamado trapézio, preza como as mãos de quem  ensina os primeiros passos.

Olhos voltados para o horizonte, mirando e decidindo o destino a seguir. Sol brilhando, zingrando o mar, escolhendo os trajetos, e as manobras. Deslizando sobre as águas em manobras simples ou radicais, explorando todos os músculos. Do calcaneo ao femural e do musculo palmar ao outro músculo palmar, passando pelo músculo trapézio..  

O habitus é um conhecimento e comportamento adquirido através de vivencias e experiencias vividas e experimentadas (Bourdieu, 2012). O corpo fala, e as experiencias e as vivencias ficam impressas nele, não há como esconder. Assim como o capital intelectual  e cultural que fica explicito e implicito no linguajar. Estruturas estruturadas e estruturantes (Ortiz, 1983).

Quando as forças da natureza não eram integradas ao sistema de produção, o conhecimento empírico das coisas eram suficientes, eram o bastante para as necessidades humanas (Vázquez, 2011).

A sensação do vento no rosto, deslisando ao sabor do vento, as vezes dando saltos alçando voos e a mente voando  junto. O ser humano foi feito para sonhar, para criar, o trabalho são as máquinas que devem realizar, palavras de Freud. E a simplicidade é aqui representada pelo binõmio Marina-Alves.

 Roberto Cardoso (Maracajá)
Ativista Cultural
Cientista Social
RM & KRM

 

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